Você pergunta e a gente responde: "Kátia, sou Criativo em uma agência e, quando digo
criativo quero dizer planejador, estrategista, diretor de arte, redator,
mídia... Todas as funções, menos Atendimento. E é aí que o bicho pega. Raramente
chega um briefing, mas quando chega vem totalmente incompleto e "criação
livre". Ao fazermos essa criação, ouvimos do Atendimento: "Não é isso
que eu tava pensando", "Não me sinto confortável para apresentar
isso", "Não gostei". Sempre sem explicar onde está o ponto que
incomoda. Como eu consigo mudar esse pensamento do atendimento? Será que tem solução ou eu deveria mudar de
agência?"
Gabriel Marques
Prezado Gabriel,
Achei ótimo de sua parte tentar buscar uma solução, em vez de apostar no
conflito ou pedir logo as contas. Isso é inteligência emocional.
Lendo sua
história, vejo duas possibilidades de desfecho para esse "filme":
Cena 1: Fiquei
pensando no modus operandi da agência em que você trabalha. Provavelmente, é uma
empresa pequena ou uma startup em que necessariamente as pessoas precisam se
virar nos 30 e fazer de tudo um pouco. Não sei se o profissional responsável
pelo Atendimento também acumula funções, provavelmente, sim. Ao acumular
funções muita gente acaba perdendo a identidade e, no final das contas, não
sabe o que se espera delas. Pode ser o caso do Atendimento. Caiu de paraquedas
numa praia que não é a dele, dá prioridade a outras coisas.
Por outro lado, é bacana que nesse contexto você se intitule
criativo, embora faça tudo o que faz. Você está certo! Ser criativo é o papel
de todos os profissionais de uma agência, seja no cargo que for. Mas atender
também é função de todos, conceitualmente falando, e me parece que você também
sabe disso muito bem. Só falta exercer. Seguindo nessa linha de raciocínio, talvez
você devesse arranjar alguma forma de se envolver com os clientes, pelo menos
temporariamente, até que você e o Atendimento desenvolvam a melhor forma de
trabalharem em conjunto, numa dobradinha colaborativa. Se você estiver mais
perto do Atendimento e do cliente em alguns momentos-chave – por exemplo, na
primeira reunião de briefing ou na apresentação da proposta – vai poder
entender melhor o que se passa e quem sabe ajudar seu colega Atendimento a
fazer as perguntas certas, a discutir ideias etc. Vai trazê-lo para o seu lado.
Se seu colega for suficientemente inteligente, mas apenas mal treinado, você
poderá contribuir de forma construtiva para a sua (dele) formação. E para a sua
(a sua mesmo) saúde mental, afinal de contas você deve estar quase pirando, né?
Cena 2: Conhece aquela fábula do jabuti na árvore? Em
resumo, é o seguinte: jabuti não sobe em árvore, portanto, se você o viu em
cima de uma, é porque alguém o colocou lá (nosso ambiente político está cheio
de jabutis em árvores). Deve haver alguma razão para que o Atendimento seja
comandado por uma pessoa que, pelo que você descreveu, não parece ser assim tão
bem preparada para a função. Hummm, tentar mudar essa história pode não dar em
nada, ou melhor, pode te causar muitos aborrecimentos. Nesse caso, se não puder
conviver com um típico jabuti na árvore, mude de floresta.
Espero ter ajudado.
Kátia V.
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